quinta-feira, 23 de abril de 2015

ARROGANTE IGNORÂNCIA

Todo aquele que se ache o maior poço de virtudes,
Será o maior lago de imperfeições e defeitos,
Porque essa sensação que eleva o ego ao mais alto expoente é perigosa,
Nos torna o centro do mundo,fazendo girar tudo á volta do eu,
E leva-nos á não motivação de aprender mais e mais todos os dias,
Impedindo-nos de ir além da nossa sabedoria que será sempre escassa..


SEMEANO OLIVEIRA

quarta-feira, 15 de abril de 2015

  


Sinopse

O Vol. VI da Antlogia de Poesia Contemporânea "Entre o Sono e o Sonho" reúne cerca de 1500 Poemas escritos em língua portuguesa por Autores no nosso tempo.
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“Entre o Sono e o Sonho” Vol. VI reúne textos de consagrados poetas contemporâneos mas também de novos talentos que vêem assim publicados os seus primeiros textos numa obra que espelha o posicionamento da Chiado Editora, apostada em viabilizar a publicação de Autores emergentes de língua portuguesa, democratizando o acesso ao Livro e à Cultura.

Centenas de vozes, visões de mundo, pensamentos e memórias, num encontro em que uma voz única emerge da multidão: a voz da poesia como acto de partilha, generosidade e força motriz do seu tempo presente.

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Nota Introdutória
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MATEM OS POETAS 
(a Daniel Filipe)
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Nas páginas anteriormente brancas dos livros inúteis,
Nas velhas caixas de recordações de jovens sentimentais,
No tronco apunhalado da árvore centenária do jardim,
Nas últimas folhas dos jornais locais que ninguém lê,
Letras em cadência de verso denunciam a sua existência.
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Em letras pequenas
Do tamanho do amor, da esperança, da saudade,
Versos anunciam que uma pequena alcateia de mulheres e homens,
Guiados por corações sem rédeas,
Escreveu sentimentos proibidos
Em horas de solidão,
Inventando uma subversão a que chamam Poesia.
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Uma alcateia de mulheres e homens livres,
Com fome e sede de infinito,
Soube dar vida a letras esquecidas.
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Basta-lhes um sonho. 
A noite. 
A paixão.
A beleza de um olhar.
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Armados com caneta e papel,
Camuflados com olhar humilde
Que disfarça uma insuportável dignidade,
Mulheres e homens inundam a terra árida do mundo,
Com palavras viciosas sob a forma de poemas.
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É urgente travá-los antes da contaminação colectiva,
Antes que a epidemia se espalhe
E a Poesia se torne numa doença universal.
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Justificam-se medidas drásticas.
O Presidente que decrete o estado de sítio.
Alerta vermelho!
Mobilização geral!
Chame-se o exército, a marinha,
Ordene-se que os navios de guerra estejam a postos,
Os aviões devem carregar mísseis e voar imediatamente,
As forças de segurança devem procurar cidade-a-cidade,
Vasculhar bairro-a-bairro,
Revistar casa-a-casa.
Sem esquecer as escolas, os cafés, os jardins…
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Existem penas exemplares para quem não denunciar os 
criminosos,
A situação assim o exige.
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Não se deixem vencer pelo cansaço:
Encontrem-nos!
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Num qualquer local desconhecido,
Mulheres e homens perigosos escrevem poemas.
Descurando as suas funções,
Semeiam no mundo hieróglifos compadecidos.
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É imprescindível intensificar as buscas.
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E ao encontrarem esses infames
Esgrimindo verso após verso de caneta em riste,
Não hesitem:
Disparem!
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Mesmo que seja amigo de infância: 
Disparem!
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Colega de escola: 
Disparem!
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Ofereceu-vos da sua comida quando tinham fome: 
Disparem!
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É possível que sintam uma compaixão tolerante
Quando os descobrirem indefesos perante a vossa espingarda.
Não se deixem comover:
Apertem o gatilho e calem-nos para sempre!
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Para bem do mundo,
Procurem a alcateia de mulheres e homens livres que inventaram 
a poesia.
É preciso encontrá-los antes que seja tarde...
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Gonçalo Martins
2005